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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma caixa de madeira capaz de falar...



Dando seqüência as matérias abaixo em que falamos sobre a história da tv e do videogame, nesta matéria, falaremos de outro tema tão importante para a nossa sociedade e que até hoje está mais vivo do que nunca: a história do rádio. Este meio de comunicação, que durante um período sofreu ameaças de extinção com o surgimento da tv, mostrou que veio para ficar! Tudo começou em 1863 quando, em Cambridge - Inglaterra, James Clerck Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas. James era professor de física experimental e a partir desta revelação, outros pesquisadores se interessaram pelo assunto.  O alemão  Henrich Rudolph Hertz foi um deles. O princípio da propagação radiofônica veio mesmo em 1887, através de Hertz. Ele fez saltar faíscas através do ar que separavam duas bolas de cobre. Por causa disso os antigos "quilociclos"  passaram a ser chamados de "ondas hertzianas" ou "quilohertz".

A industrialização de equipamentos se deu com a criação da primeira companhia de rádio, fundada em Londres pelo cientista italiano Guglielmo Marconi.  Em 1896 Marconi já havia demonstrado o funcionamento de seus aparelhos de emissão e recepção de sinais na própria Inglaterra, quando percebeu a importância comercial da telegrafia. Em 1897 Oliver Lodge inventou o circuito elétrico sintonizado, que possibilitava a mudança de sintonia, selecionando a freqüência desejada. Lee Forest, desenvolveu a válvula triodo. Von Lieben, da Alemanha e o americano Armstrong empregaram o triodo para amplificar e produzir ondas eletromagnéticas de forma contínua. A partir da descoberta de Marconi, o 1º momento do rádio passou a ser utilizado por militares para guerrear tropas inimigas. Só que isto acabou não sendo vantajoso, pois todos ouviam as conversas através das ondas radiofônicas, que era única, inclusive os inimigos. Através dessa percepção, surge o 2º momento, que é utilizar essas ondas como benefício para incorporar ao grande público.

Já em 1890 o padre-cientista Landell de Moura previa em suas teses a "telegrafia sem fio", a "radiotelefonia", a "radiodifusão", os "satélites de comunicações" e os "raios laser". Ele foi precursor nas transmissões de vozes e ruídos. 

Nos Estados Unidos foram anos de pesquisas, tentativas e aprimoramentos até Lee Forest instalar a primeira "estação-estúdio" de radiodifusão, em Nova Iorque, no ano de 1916. Aconteceu então o primeiro programa de rádio, que se tem notícia. Ele tinha conferências, músicas e gravações. Surgiu também o primeiro registro de   radiojornalismo, com a transmissão das apurações eleitorais para a presidência dos Estados Unidos. Os programas jornalísticos eram repercutidos em tempo real, mas sem muito aprofundamento; e as novelas radiofônicas eram interpretações orais dos folhetins publicados nos jornais e revistas. Fato curioso: No dia das bruxas, a rádio americana CBS, apresenta o programa "A Guerra dos Mundos", com Orson Welles, que simula uma invasão de marcianos aos Estados Unidos. O realismo era tamanho que uma onda de pânico tomou conta do País. A emissora teve que interromper a transmissão por causa da confusão.

A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado.

O "pai do rádio brasileiro" foi Edgard Roquete Pinto. Ele e  Henry Morize fundaram em 20 de abril de 1923, a primeira estação de rádio brasileira: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Sua intenção era educar as populações distantes dos centros urbanos com programação erudita (palestras, leitura de clássicos da literatura, música erudita, conferências). Foi aí que surgiu o conceito de "rádio sociedade" ou "rádio clube", no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades para a manutenção da emissora. 


No início dos anos 30 o Brasil já tinha 29 emissoras de rádio, transmitindo óperas, músicas e textos instrutivos. Mas com a intenção de buscar maior apelo popular, começa uma mudança na grade de programação, com menos atrações eruditas, mais programações musicais e direcionamento da programação de acordo com a faixa etária, entendendo o rádio como meio de comunicação de massa. Em 1932, o Governo de Getúlio Vargas autoriza a publicidade em rádio. O ano de 1936 marca também a estréia no rádio de Ary Barroso. Um polêmico narrador esportivo que tocava gaita quando narrava os gols. Tornou-se uma das mais importantes figuras do Rádio, começando na Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro e apresentador de vários programas de sucesso e compositor da música "Aquarela do Brasil", entre outras.

Também em 1938 acontece a primeira transmissão esportiva em rede nacional no Brasil, na Copa de 38, por Leonardo Gagliano Neto, da Rádio Clube do Brasil do RJ.  Em 12 de julho de 1941, começa a transmissão da primeira rádio novela do País, que foi apresentada durante cerca de três anos, pela PRE-8, Rádio Nacional do RJ.  Era a novela "Em Busca da Felicidade". A seguir foi a vez de "O Direito de Nascer".

Surge o noticiário mais importante do rádio brasileiro: o "Repórter Esso".  A primeira transmissão aconteceu no dia 28 de agosto de 1941, quando a voz de Romeu Fernandez anunciou o ataque de aviões da Alemanha à Normandia, durante a 2ª Guerra Mundial.  O gaúcho Heron Domingues marcou a história do rádio apresentando durante anos o "Repórter Esso". Em São Paulo a transmissão era feita pela Record PRB-9. O humorista Chico Anysio começou no rádio, na década de 40, produzindo e apresentando programas, entre eles a "Rua da Alegria", na Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Em 1942, Abelardo Barbosa foi para a Rádio Difusora Fluminense. A partir de então ficou conhecido como Chacrinha, pois a emissora ficava numa chácara em Niterói. É criado o "Cassino do Chacrinha".  Em 1959 o "Velho Guerreiro" estréia na Televisão. Em 1946, surgem os gravadores de fita magnética, dando maior agilidade ao rádio. Neste período de Estado Novo, o rádio era utilizado para integração e propaganda, desta forma, os programas possuíam outros formatos como humorísticos, de calouros e de auditório.

A partir de 50, com o surgimento da tv, o rádio sofre um declínio de audiência, mas não deixa de existir. Ele sofreu transformações para poder competir com a tv, seja através de novos programas e horários. E mais para frente, provavelmente daqui uns 10 anos, chegará a rádio digital, tema que abordaremos na próxima postagem.

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